Fonte: O Estado de S. Paulo
Programa de compliance deve ser robusto, com implementação flexível ao tamanho da empresa e atenção às melhores práticas de governança
O momento atual mostra-se extremamente desafiador para o mundo corporativo e exige olhar atento da gestão, sobretudo, nas empresas de setores como o de saúde, que vive um ambiente complexo, de risco e custo elevados, e sob rígidos padrões de governança e de administração nacional e internacional.
“Um programa de compliance robusto, com implementação flexível ao tamanho da empresa e adoção de medidas disciplinares, se faz necessário neste ambiente assistencial e administrativo da saúde no Brasil”, defende Gustavo Lucena, sócio-responsável pelo segmento de saúde da área de Riscos Empresariais da Deloitte
Compliance na área de saúde significa garantir competência e conhecimento técnico e administrativo que permitam atendimento assistencial adequado com qualidade, humanizado, ético e com precisão dos custos por procedimento, destinado para o maior número de pacientes possível. Um conjunto de procedimentos e quesitos que devem estar presentes em hospitais públicos e privados.
Crescimento gera desafios
Segundo Lucena, o Brasil, em 2012, era o sexto colocado no ranking mundial dos mercados de equipamentos e produtos médicos e, em 2017, deve chegar ao quarto lugar, de acordo com dados da Abradilan (Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos). A somatória das empresas do segmento de saúde demonstrou um crescimento aproximado de 13% no último ano.
“Mesmo diante deste avanço, as empresas do segmento de saúde vivem hoje dificuldades administrativas, financeiras, legais e de imagem ocasionadas por fatores cruciais para seu desenvolvimento”, diz Lucena. O especialista elenca os principais: sistema regulatório complexo, envelhecimento da população e maior acesso à saúde, alto custo da assistência (aquisição de produtos e medicamentos de última geração), estruturas pouco profissionalizadas em gestão e governança, questões éticas nas esferas assistencial e administrativa, falta ou pouca eficiência no planejamento e controle financeiro.
O executivo explica que, hoje, há médicos e enfermeiros bem treinados e atualizados na esfera assistencial, porém, pouco se tem investido em treinamento e capacitação nas atividades administrativas, financeiras e jurídicas, também importantes para garantir uma alta qualidade no atendimento assistencial do paciente.
Desta forma, as empresas não conseguem manter atendimento de boa qualidade, com alta capacitação, produtividade e uma gestão de custos que lhes permitam manterem-se saudáveis por longos anos.
“A solução está no ganho de eficiência operacional nos hospitais, nas clínicas e nos laboratórios. Está também na inovação da estrutura tecnológica, que deve integrar corpo clínico, centros cirúrgicos, centro de diagnóstico e laboratório com o corpo administrativo, reduzindo assim riscos de erro, desperdício, retrabalho e fraude, com a adoção de medidas disciplinares”, esclarece Gustavo Lucena.
Programa de Ética e Compliance inclui:
– Código de conduta;
– Mapa de riscos, contendo as exposições de descumprimento de leis e regulamentos;
– Implementação de mecanismos de monitoramento e auditoria independente;
– Programa de comunicação e treinamento interno e externo para fornecedores;
– Implementação do canal de denúncias com reporte independente ao Conselho de Administração ou Comitê de Ética;
– Implementação de medidas corretivas e punitivas adequadas.
Desafios do compliance na saúde:
– Incorporar corpo clínico no processo de gestão;
– Garantir transparência do atendimento ao paciente;
– Investir em capacitação;
Promover a conscientização dos colaboradores, do corpo clínico e dos fornecedores a estarem em compliance;
– Dar ao responsável de ética e compliance a autoridade para corrigir os problemas que encontram;
– Contratar um líder de compliance capacitado para enfrentar crises;
– Ter um relatório de ética e compliance submetido às esferas mais altas de governança;
– Permitir denúncias anônimas;
– Conduzir diligências e auditorias internas;
– Contar com recursos financeiros e pessoas para investir em Ética e Compliance.
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