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LABORATÓRIOS MIRAM ENVELHECIMENTO DO BRASILEIRO E REGULAÇÃO NO PAÍS

Brasil tem atratividade para estrangeiros que vai além do câmbio favorável para fusões e aquisições. Levantamento da KPMG mostra que só no primeiro semestre houve 24 operações
São Paulo – O aumento da expectativa de vida dos brasileiros, a mistura de raças, o sistema de saúde e rigorosas regras devem manter a atratividade do mercado farmacêutico do Brasil, mesmo depois de um primeiro semestre aquecido para fusões e aquisições no setor.

Na visão do diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Pedro Bernardo, todos esses fatores corroboram a atratividade do País. “É um mercado que está sempre de olho no que está por vir e trabalha o longo prazo. Uma empresa que entra no País realiza um investimento de olho nos próximos 10, 20 ou até 30 anos”, destaca.

Já o presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, vê uma saturação dos mercados europeus e aposta num fluxo contínuo de interessados pelo mercado brasileiro. “Eles já possuem indústrias estabelecidas e os produtos desses laboratórios se adequam bem ao Brasil, especialmente aqueles voltados para a terceira idade”, analisa.

Mussolini observa ainda que franceses e americanos estariam entre os principais interessados na indústria farmacêutica brasileira, devido à dificuldade de expansão nos países de origem pela tendência de encolhimento da população.

Dados da KPMG mostram que somente no primeiro semestre de 2016 foram realizadas pelo menos 24 operações de fusão e aquisição (produtos químico e farmacêutico). O montante é o mesmo registrado ao longo de todo o ano passado, conforme a consultoria.

De acordo com um dos sócios da KPMG, Leonardo Giusti, França, Estados Unidos e Índia devem continuar na liderança desses negócios por aqui. “Há interesse de acesso de investidores de todos esses países, uma indicação de que essas movimentações vão continuar mesmo que o real se valorize mais em relação ao dólar. A crise interna contribui para que empresas em dificuldade busquem recursos externos”, acrescenta ele.

Recentemente, notícias de que a brasileira TheraSkin teria contratado o Credit Suisse para assessorá-la na busca de potenciais compradores circularam no setor. Assim, como a confirmação de que a sul-africana Aspen Pharma continua buscando negócios no Brasil, após adquirir os produtos Omcilon, já consolidados no mercado brasileiro para o tratamento de aftas e alívio de inflamações causadas por doenças de pele, que pertenciam à Bristol-Myers Squibb.

Regulação

Além do campo econômico, os especialistas notam um grande interesse das multinacionais farmacêuticas no Brasil em função da segurança nos processos de regulatórios. “A indústria farmacêutica precisa ter previsibilidade”, diz Mussolini, acrescentando que “nosso rigor regulatório e padrões elevados atraíram muitas empresas. “Elas negociam com o Brasil sabendo que é investimento de longo prazo com geração de caixa longo”, acredita.

Pedro Bernardo aponta ainda semelhanças de parâmetros da indústria nacional com os praticados na Europa e Estados Unidos como outro fator positivo. “As estrangeiras confiam em trazer investimentos. Até mesmo na aprovação de novos produtos e inspeções obtivemos uma melhora nos últimos anos, isso colabora para o cenário”, afirma.

Nesse sentido, o diretor da Interfarma avalia que as aquisições e fusões são uma solução mais rápida para as estrangeiras ingressarem no mercado brasileiro. “Em muitos casos as companhias internacionais fazem uma fusão ou aquisição, começam vendendo produtos de fora e, com o tempo, são capazes de produzir aqui. É um caminho mais simples.”

SUS

Mussolini também acredita que a dinâmica de vendas de medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS) é outro atrativo potencial. “O SUS está previsto na Constituição, algo que não ocorre em outros países. Para a indústria é uma garantia de importantes contratos, uma demanda certa com valores consideráveis. No atual momento econômico, por exemplo, há muitas pessoas perdendo o seguro saúde e recorrendo ao SUS”, explica.

Segundo dados do setor, as compras públicas de medicamentos representam mais da metade dos negócios. No ano passado, os laboratórios movimentaram cerca de R$ 21 bilhões, sendo que 57% foram negócios com órgão públicos.

Apesar das cifras chamarem a atenção, um levantamento da Interfarma aponta desaceleração nas compras do governo e também atrasos nos pagamentos: em dezembro de 2015, a dívida dos governos federal, de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina com o setor era de R$ 1 bilhão.

“Mesmo com essas dificuldades econômicas, trata-se de um mercado importante”, conclui Mussolini.
Fonte: DCI

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