Pouca gente sabe, mas muitos dos medicamentos distribuídos pelo SUS (Sistema Único da Saúde) são originados de uma PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo). O conceito foi criado pelo Ministério da Saúde, em 2009, mas ganhou o nome de PDP, em 2012, com o propósito de estabelecer acordos com empresas privadas nos segmentos industrial e da saúde para que transfiram conhecimento e tecnologia na produção de remédios aos laboratórios do governo.
Entre os propósitos das PDPs estão: fortalecimento da indústria local (nacional ou transnacional) para substituir medicamentos importados de alto custo e internalizar a tecnologia de produção de remédio; redução das dependências produtiva e tecnológica para atender as necessidades de saúde da população brasileira e intercâmbio de conhecimentos para a inovação no âmbito das instituições públicas e das entidades privadas.
De acordo com o último balanço das PDPs, realizado em julho deste ano pelo Ministério da Saúde, atualmente existem 98 parcerias, envolvendo 19 laboratórios públicos e 50 privados para o desenvolvimento de 91 produtos – sendo que 61 são medicamentos. A Blanver Farmoquímica, companhia brasileira com fábricas em Taboão da Serra e Itapevi, no estado de São Paulo, já foi contemplada em quatro parcerias com o governo para oferecer medicamentos para o tratamento de HIV e hepatite. “Para a Blanver é muito importante poder compartilhar o conhecimento da fabricação de alguns de seus medicamentos. É uma prova de que a empresa tem práticas consistentes em pesquisa e desenvolvimento de diversas drogas”, comenta Sérgio Frangioni, CEO da empresa.
A PDP funciona assim. A companhia se compromete a transferir aos laboratórios públicos brasileiros a tecnologia para a produção de determinado medicamento em até 10 anos. Com isso, se torna responsável pela transferência da tecnologia ao laboratório do governo. Como benefício, o poder público garante a exclusividade na compra dos produtos durante o mesmo período. Após o prazo, o laboratório público nacional inicia, de forma autônoma, a produção completa do medicamento.
O Tenofovir e o Duplivir, por exemplo, já são medicamentos da Blanver distribuídos pelo SUS. O primeiro é para o tratamento de pacientes com HIV e hepatite B, o segundo também é destinado para quem vive com a AIDS, mas combina duas drogas em um único comprimido. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos portadores do HIV, diminuindo a quantidade de medicamentos ingeridos no dia a dia. Há ainda o Raloxifeno usado no tratamento de osteoporose e o Triplivir, que combina três fórmulas também para pacientes com AIDS.
Para se ter ideia de como a iniciativa tem avançado ano a ano, a participação dos produtos fabricados a partir das parcerias já representa 25% das compras feitas pelo Ministério da Saúde, além disso, desde a criação da PDP até meados deste ano, a economia aos cofres públicos ultrapassa os R$ 2,4 bilhões.
“A Blanver, assim como outras empresas, têm um papel fundamental para o desenvolvimento da indústria de remédios do Brasil, sem que o País dependa da importação. Além disso, fazemos com que o governo desembolse menos dinheiro para distribuir os medicamentos e a própria população passa a ter acesso a uma gama maior de drogas essenciais para o tratamento de doenças delicadas”, conclui Frangioni.
Fonte: Boletim SnifBrasil